Você já riu em um velório ou numa situação completamente inadequada? Descubra o que a ciência diz sobre o riso, por que ele acontece até em momentos sérios e o que isso revela sobre o cérebro humano.
Introdução: Por que a gente ri até quando não deveria?
Você já se pegou rindo em um momento sério tipo uma bronca do chefe, um funeral ou uma discussão intensa? E depois ficou se perguntando: “por que eu fui rir justo agora?”
Pode parecer absurdo, mas o riso nem sempre acontece porque algo é engraçado. Muitas vezes, ele aparece como uma resposta involuntária do cérebro a situações desconfortáveis, constrangedoras ou até traumáticas.
Neste artigo, vamos mergulhar na ciência do riso: entender como ele funciona no cérebro, por que ele aparece em momentos sérios, e o que ele revela sobre nossas emoções, instintos e saúde mental.
O que é o riso, afinal?
O riso é uma resposta biológica complexa, que envolve o cérebro, os músculos da face, a respiração e até o sistema nervoso autônomo. Ele pode ser voluntário ou involuntário, leve como um sorriso ou intenso como uma gargalhada incontrolável.

Segundo estudos da Universidade de Maryland e da Universidade de Oxford, o riso:
- Libera dopamina, o hormônio do prazer
- Estimula a produção de endorfinas, que aliviam a dor
- Reduz o cortisol, o hormônio do estresse
- Melhora a respiração, o sistema imunológico e até a digestão
Ou seja, rir faz bem à saúde. Mas o que acontece quando rimos em situações sérias?
Por que rimos em momentos inadequados?
Essa risada “fora de hora” tem explicações científicas e psicológicas. Em muitos casos, ela é um mecanismo inconsciente de defesa emocional, usado pelo cérebro para lidar com:
- Estresse agudo
- Constrangimento
- Ansiedade social
- Sentimentos reprimidos
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Exemplos comuns:
- Rir ao levar uma bronca
- Gargalhar durante um velório
- Rir ao ouvir uma tragédia
- Soltar risadinhas nervosas em entrevistas de emprego
Pode parecer desrespeitoso, mas na maioria das vezes, não é uma escolha consciente. É apenas o cérebro tentando aliviar a tensão de um jeito que ele conhece bem.
O que acontece no cérebro quando rimos?
O riso envolve diversas regiões cerebrais:
- Córtex pré-frontal: onde julgamos e decidimos se algo é “engraçado”
- Sistema límbico: responsável pelas emoções (amígdala, hipotálamo)
- Área motora: ativa os músculos para sorrir e rir
- Sistema nervoso autônomo: regula as reações físicas involuntárias
Quando estamos sob forte pressão emocional, o cérebro pode liberar uma risada como válvula de escape. Isso acontece porque ele entra em modo de sobrevivência emocional, tentando neutralizar o peso do momento.

É como se o cérebro dissesse: “isso é pesado demais, vou aliviar com uma risada.”
Tipos de riso (e o que eles dizem sobre você)
Nem toda risada é igual. A ciência classifica o riso em diferentes tipos:
1. Riso espontâneo (genuíno)
Aquele que vem de forma natural, diante de algo realmente engraçado.
2. Riso social
Usado para demonstrar simpatia ou se enturmar. Muitas vezes, rimos de algo nem tão engraçado só para fazer parte do grupo.
3. Riso nervoso
Aquele que surge em momentos de tensão ou medo. É o que nos interessa aqui: uma risada sem graça, mas libertadora.
4. Riso forçado (falso)
Usado para mascarar sentimentos reais ou parecer educado. Muito comum em reuniões, jantares formais ou redes sociais.
Teorias sobre o riso
1. Teoria do Alívio – Freud
Freud acreditava que rimos como forma de liberar tensões reprimidas, principalmente relacionadas a emoções, medos e desejos. Quando rimos de algo sério, estamos tentando aliviar um conflito interno.
2. Teoria da Incongruência – Kant e Schopenhauer
Segundo essa teoria, o riso acontece quando há uma quebra de expectativa. Algo parece sério, mas vira absurdo. Nosso cérebro reage rindo porque não sabe como interpretar.

3. Teoria da Superioridade – Hobbes
Propõe que rimos ao perceber a fraqueza, falha ou ridículo do outro. Isso explica o humor baseado em tombos, erros e gafes. Mas também pode explicar o riso constrangido quando presenciamos algo embaraçoso mesmo que doloroso.
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Rir em velórios, enterros ou tragédias: é normal?
Por mais desconfortável que pareça, sim, é normal. Muitas pessoas relatam crises de riso durante velórios, emergências médicas, ou até após receber uma má notícia.
Isso ocorre porque:
- O cérebro entra em colapso emocional
- O riso age como um mecanismo de regulação da dor emocional
- Ele quebra o clima pesado e oferece algum alívio mental, mesmo que momentâneo
E não: isso não faz de você uma pessoa ruim. Faz de você um ser humano com emoções complexas.
Curiosidades científicas sobre o riso
- Bebês riem antes mesmo de falar o riso é uma das primeiras formas de comunicação.
- Rir queima calorias: 10 a 15 minutos de gargalhada podem queimar até 40 calorias.
- O riso é contagioso: ouvir outra pessoa rir ativa seus neurônios-espelho.
- Alguns animais também riem, como ratos, golfinhos e chimpanzés.
- Existe uma terapia chamada risoterapia, que usa o riso para tratar depressão e ansiedade.
Rir demais pode ser um problema?
Em alguns casos raros, sim. Há condições neurológicas em que o riso se torna incontrolável ou inapropriado, como em:
- Epilepsia gelástica (crises de riso involuntário)
- Transtornos afetivos
- Síndrome pseudobulbar
Mas no dia a dia, rir em momentos “errados” não é sinal de doença, e sim um sintoma de como o cérebro lida com o inesperado, o medo ou o estresse.
Como lidar com o riso em momentos sérios?
- Reconheça que é involuntário – Não se culpe imediatamente. Aceitar que é uma resposta emocional ajuda a entender o que está acontecendo.
- Respire fundo e foque no momento – Técnicas de respiração ajudam a regular a tensão emocional.
- Se possível, explique – Em contextos íntimos ou familiares, dizer “me desculpa, estou nervoso e meu corpo reagiu assim” pode ajudar a aliviar mal-entendidos.
- Evite situações gatilho – Se você sabe que vai rir em um momento sério (como em funerais), se prepare emocionalmente ou busque apoio.
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Resumo
- O riso é uma resposta neurológica que envolve emoção, instinto e alívio.
- Rimos em momentos sérios por causa do estresse, medo ou constrangimento.
- É um mecanismo natural do cérebro para reduzir a tensão emocional.
- Existem vários tipos de riso: social, genuíno, nervoso e forçado.
- Rir em velórios ou emergências não é falta de respeito: é biologia.
- O riso pode ser uma ferramenta poderosa de conexão e cura emocional.
- Terapias como a risoterapia já utilizam o riso como tratamento.
Conclusão: Rir é humano, até quando é estranho
O riso é muito mais do que sinal de diversão. É uma linguagem do corpo e da mente. E mesmo quando ele parece “fora de hora”, ainda assim está cumprindo um papel importante: manter nosso equilíbrio emocional diante da dor, do medo ou da insegurança.
Se você já riu em um momento difícil, não se envergonhe. Apenas entenda que seu cérebro fez isso para te proteger, não para ofender.
E você, já passou por isso?
Você já deu risada em um momento sério? Como lidou com a situação?